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Onde o trabalho está a ser desenvolvido

A bacia hidrográfica do Rio Mondego (6645 km2 de área de captação) é localizada na Região Centro de Portugal e caracteriza-se por um clima mediterrânico, com uma forte variação sazonal e inter-anual de caudal associada a eventos de cheia e seca.

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Rio Mondego, área de estudo: principais barragens e localização dos açudes intervencionados.
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Açude-Ponte de Coimbra.
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Barragem da Raiva.

O Rio Mondego, o quinto maior rio português e o maior a correr exclusivamente em território nacional, percorre uma extensão de 258 km desde a sua origem, na Serra da Estrela a 1525 m de altitude, até ao Oceano Atlântico onde desagua junto à cidade da Figueira da Foz. Os principais afluentes são os rios Alva, Ceira e Dão, a montante de Coimbra, e os rios Pranto, Arunca e Ega, a jusante.

A bacia hidrográfica do Mondego encontra-se bastante regularizada, intervenções que aconteceram sobretudo a partir da década de 80 durante a qual foram construídas no troço principal duas grandes barragens para produção hidroelétrica, Aguieira (a 86 km da foz) e Raiva (a 80 km da foz), seis barragens com usos múltiplos (1.6-89 hm3), e vários açudes de pequenas dimensões. Estes aproveitamentos hidráulicos contribuíram significativamente para a regularização do caudal do rio.

O Açude-Ponte de Coimbra encontra-se aproximadamente a 45 km da foz do rio, tendo sido construído em 1981 para proteção de cheias, abastecimento doméstico, e captação de água para fins agrícolas e industriais. Até 2011, quando foi construída uma nova passagem para peixes nesta estrutura, este açude constituía o primeiro obstáculo intransponível no Rio Mondego.

Estes obstáculos de maiores dimensões, em conjunto com a presença de vários pequenos açudes construídos essencialmente para fins agrícolas e/ou recreativos, são responsáveis pelo elevado grau de fragmentação longitudinal observado nos rios portugueses em geral, e no Rio Mondego, em particular, com consequências principalmente gravosas para as espécies migradoras, dado que:

    i) Limitam as suas deslocações e o acesso a áreas de reprodução e/ou alimentação adequadas;
    ii) Provocam um aumento artificial da densidade a jusante que pode incapacitar a dinâmica natural da população;
    iii) Atuam como um fator de segregação de indivíduos de diferentes classes dimensionais a montante e a jusante do obstáculo;
    iv) Diminuem a qualidade e quantidade de habitat disponível.

O Rio Mondego ainda representa um importante reduto para um conjunto de espécies diádromas de elevado interesse conservacionista. A lampreia-marinha, o sável e a savelha constituem também notáveis iguarias gastronómicas que geram elevadas receitas para as comunidades locais e atividades turísticas da região (e.g. restauração, hotelaria). No entanto, a abundância destas espécies em Portugal, e no restante Continente Europeu, tem diminuído. Um dos fatores que tem contribuído para esta tendência de redução do efetivo populacional é a fragmentação de habitat, promovida por obstáculos à migração, o que acarreta impactos negativos não só do ponto de vista ecológico, mas também socioeconómico.

A construção da passagem para peixes no Açude-Ponte de Coimbra representou um primeiro passo no processo de reabilitação do Rio Mondego, e desencadeou novas intervenções em cinco outros obstáculos de menor dimensão presentes no troço principal do rio, promovendo assim a livre circulação das espécies piscícolas no troço reabilitado.

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