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Passagem para peixes do Açude-Ponte de Coimbra

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O Açude-Ponte de Coimbra tem 6,20 m de altura e foi construído no Rio Mondego, para, abastecimento de água, e usos industriais e agrícolas. Desde a sua construção que esta infraestrutura bloqueava a migração de várias espécies com interesse comercial e conservacionista, entre elas a lampreia-marinha, o sável e a savelha, limitando a sua distribuição no Rio Mondego.

A primeira fase do plano de reabilitação do habitat para espécies migradoras no Rio Mondego, consistiu na construção de uma passagem para peixes de bacias sucessivas com fendas verticais. A entidade que promoveu a construção desta infraestrutura foi a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), e representou um investimento total de € 3 466 486.00, incluindo uma contribuição europeia de € 2 599 864.00 através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

A eficácia e eficiência deste dispositivo para as espécies-alvo têm sido avaliadas desde que se encontra em funcionamento, com recurso a várias metodologias, nomeadamente, contagens visuais, biotelemetria, pesca elétrica e inquéritos a pescadores profissionais que desenvolvem a faina no Rio Mondego.

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Açude-Ponte de Coimbra.
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Passagem no Açude-Ponte de Coimbra.

Os resultados obtidos durante os 3 primeiros anos de monitorização pós-operacional da PPPeixes demonstram que houve um aumento significativo da área disponível para espécies migradoras no Rio Mondego. Através de contagens visuais observou-se que, em 2013, 1 407 204 peixes transpuseram com sucesso a passagem (cerca de 900 000 no sentido montante). Estes registos incluem a passagem de várias espécies autóctones, como a lampreia-marinha, o sável, a enguia-europeia, truta-de-rio, barbo, boga e muge.

Durante a época de reprodução de 2013, 8333 lampreias-marinhas usaram a passagem, em 2014 este número aumentou para quase 22000 exemplares, em 2015 voltou a aproximar-se dos efetivos contabilizados no primeiro ano de monitorização com 9998 lampreias a transpor com sucesso a passagem para montante. Um modelo estatístico explicativo desenvolvido com base nestes dados mostra que, o caudal libertado pelo açude influencia significativamente o comportamento migratório na proximidade do açude, limitando a sua eficiência durante períodos de caudal mais elevado (> 50 m3s-1). Para além da lampreia-marinha, cerca de 7500 exemplares de Alosa spp. (sável e/ou savelha) usaram a passagem na época de reprodução de 2013, sendo que em 2014 este número diminuiu para 3406 indivíduos, e em 2015 para apenas 966 exemplares, o que parece indiciar uma tendência decrescente para a entrada dos reprodutores de sável/savelha nos últimos anos na bacia hidrográfica do Mondego..

As campanhas de pesca elétrica conduzidas antes e depois da entrada em funcionamento da passagem permitiram detetar um aumento de 30 vezes ao longo do período de amostragens pós-operacionais (i.e., 2012-2015) na abundância de amocetes de lampreia-marinha nos troços de rio localizados a montante do Açude-Ponte.

Os resultados da monitorização têm o potencial de poder contribuir para aumentar o sucesso da PPPeixes do Açude-Ponte de Coimbra na reabilitação da continuidade longitudinal para as populações de peixes migradores do Rio Mondego. O conjunto de metodologias complementares utilizadas pela equipa responsável pela implementação do projeto deverão no futuro servir de referência aos trabalhos de monitorização de dispositivos de passagem para peixes já existentes, ou que venham a ser construídos, em Portugal.

Sável na passagem para peixes do Açude-Ponte de Coimbra.
Lampreia-marinha na passagem para peixes do Açude-Ponte de Coimbra.

Passagem para Peixes

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